Filiando-se ao romantismo, Gonçalves Dias levantou, em sua produção poética, várias das bandeiras desse movimento artístico. Indubitavelmente, o poeta maranhense se destacou por seu viés indianista, através do qual contribuiu para a criação de uma forte imagem heroica, nacional e idealizada dos povos indígenas. Junto a Iracema e Peri, personagens de romances de José de Alencar, Marabá e I-Juca Pirama constituem o panteão dos heróis românticos nacionalistas – para o bem, ou para o mal, pois esses personagens são cunhados em idealizações e generalizações e não, necessariamente, em dados e fatos reais.
De acordo com o teórico da literatura Alfredo Bosi, em seu livro “História concisa da literatura brasileira”:
“Gonçalves Dias foi o primeiro poeta autêntico a emergir em nosso Romantismo. [...] é preciso ver na força de Gonçalves Dias indianista o ponto exato em que o mito do bom selvagem, constante desde os árcades, acabou por fazer-se verdade artística. [...]
Os mitos assumem um sentido quando postos na constelação cultural e ideológica a que servem. [...]
Para a primeira geração romântica, porém, presa a esquemas conservadores, a imagem do índio casava-se sem traumas com a glória do colono que se fizera brasileiro, senhor cristão de suas terras e desejoso de antigos brasões. É a perspectiva de Gonçalves Dias até à sua última produção indianista, Os Timbiras [...]
A lírica de Gonçalves Dias singulariza-se no conjunto da poesia romântica brasileira como a mais literária, isto é, a que melhor exprimiu o caráter mediador entre os polos da expressão e da construção.”
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2006. P. 109-115.Os poemas marcados com * possuem análise em videoaula.