Ma bienvenue au jour me rit dans tous les yeux!
Chenier.
É leda a flor que desponta
Sobre o talo melindroso,
E o arrebento viçoso
Crescendo em floreo tapiz;
É doce o romper da aurora,
Doce a luz da madrugada,
Doce o luzir da alvorada,
Doce, mimoso e feliz!
É bella a virgem risonha
Com seus músicos accentos,
Com seus virgens pensamentos,
Com seus mimos infantis;
Como quanto inceta a vida,
Que á luz sorri da existência,
Que tem na sua innocencia
Da mocidade o verniz.
Vinga a flor a pouco e pouco,
Cada vez mais bem querida,
Tem mais encantos, mais vida,
Tem mais brilho, mais fulgor:
De cada gota de orvalho
Extrahe celeste perfume,
E do sol no raio assume
Cada vez mais viva côr.
Assim á virgem mimosa,
Pouco e pouco, noite e dia,
Mais viva flor de poesia
Do rosto lhe tinge a côr;
E um anjo nos meigos sonhos,
Do seu peito na dormencia
Derrama o odor da innocencia,
Um doce raio de amor!
Porque tudo, quando nasce,
Seja a luz da madrugada,
Seja o romper da alvorada,
Seja a virgem, seja a flor;
Tem mais amor, tem mais vida,
Como celeste feitura,
Que sahe melindrosa e pura
D'entre as mãos do creador.
28 de julho.
Elogio à puberdade feminina, com sua beleza, pureza, frescor
5 estrofes x 8 versos heptassílados (redondilha maior), rimas em A-B-B-C-D-E-E-C